terça-feira, 15 de dezembro de 2009

THE HUNTERS: A Visita

Frank achou piada o estado do seu colega. Os membros de Draco tremiam, e a face ostentava um ar traumatizante, como se ainda estivesse a ponderar acerca do que lhe tinha acontecido nos últimos dez segundos.
- Já percebeste o que se passa aqui ou ainda não chegaste lá?-perguntou Frank. Draco levantou os olhos para o colega, a sua voz era de alguém que acabava de se borrar calças.
- Estão a criar demónios no interior deste edifício. Não admira que esteja tão apinhado deles.
- "Apinhado" já não é a palavra correcta.- respondeu Frank. E passou um dos revólveres.
- Tem cuidado, só tenho as munições que estão dentro das armas. É tudo o que nos resta.
Draco acenou a cabeça em afirmação. Guardou a arma e imediatamente virou-se para o enorme laboratório à sua frente. Quem poderia ser chalado o suficiente para se dedicar a uma coisa daquelas? Algo que nunca compreendera, eram os estudos e experiências efectuados por alguns cientistas no âmbito de tentar recriar o sobrenatural. Entendidos na matéria, muitas vezes se juntavam com peritos em ciência para algo daquele tipo. Projectos doidos com um nome de código esquisito, que se destinavam a favorecer avanço militar ao governo de um país com um nome como "Estrângulorussia". Claro que não eram casos de que se ouviam falar nas fontes dos média, mas existiam por aí. E sem dúvida ofereciam a caçadores como os H.I.M trabalho para mangas.
- Eu diria para nos separarmos outra vez...-começou Frank- mas como não estou com disposição para salvar a "donzela em apuros" pela 3ªvez hoje, acho melhor ficarmos próximos.
- Vai-te catar!- apesar da graça, Draco sabia que Frank tinha razão. Não só pela dimensão a que o caso tinha chegado, mas também por falta de recursos, nomeadamente chumbo para balázios.
Os arquivos do laboratório practicamente vomitavam dóssies e pastas de ficheiros. Tudo informações de pesquisa e de progressos do que quer que se estivesse a passar dentro do edíficio. Frank tornava-se cada vez mais estupefacto a cada linha que lia. Mas só ele, porque Draco, como sempre, tinha-se aborrecido aos primeiros três minutos da busca.
- Porque é que não mandamos isto ao ar de uma vez por todas?- murmurou Draco enquanto observava de perto uma mixordia que se encontrava dentro de um recipiente.
- Desculpa?- perguntou Frank captando a atenção ao colega.
- Porque é que ainda estamos aqui sequer? Já deviámos ter explodido com este sítio há muito!
- Oh! Excelente ideia Draco!- exaltou-se Frank cheio de sarcastidade virando-se para o colega.- E explodimos o edíficio com o quê?! Com a pólvora dos cartuchos?!
- Estamos num laboratório de terroristas psicopátas! Devem existir explosivos enfiados num canto qualquer!
- Então porque não mexes o cu pela 1ª vez neste dia e os vais procurar?! Aliás, não sei se te lembras Draco, mas não nos metemos nisto por diversão. Lembra-te que estamos num caso, e não temos ideia do nosso objectivo.- de repente as luzes extinguiram-se num apagão geral. A voz irritada de Draco ouviu-se logo a seguir.
- Boa! Agora estamos practicamente ceguetas!
- Chiu!- ordenou Frank- não ouviste qualquer coisa?
Frank ligou a sua laterna e lançou um olhar a Draco, ao qual este respondeu chateado.
- Não sei se já reparaste mas eu perdi a minha junto com a arma e as munições.- Frank revirou os olhos.
Foi então que um novo ruído surgiu do nada, e até Draco o conseguiu ouvir. Frank apontou a lanterna para a direcção do som, mas o alcance da luz não era suficiente para localizar a fonte. Momentos a seguir a iluminação voltou ao laboratório. Draco e Frank congelaram assim que viram quem emitia o ruído. A uns meros metros de distância, um sujeito pálido e magro observava-os. O mesmo sujeito que se tinha encontrado com eles há umas horas atrás à entrada daquele mesmo edíficio, e a seguir os tinha abandonado tão misteriosamente.

sábado, 14 de novembro de 2009

Demon Soul: Arrepios

O despertador indicava 7:30 quando começou a tocar. Edwin entrou pela janela do quarto furtivamente. Ao abrir a sua mão direita, a espada que envergava caiu com um leve bramido no solo. Lançou-se sobre o espelho com alguma ansiedade, mas ao observar as suas pupilas acastanhadas deixou-se descontrair, e atirou-se de costas para a cama. Aquela noitada fora uma das mais espectaculares da sua vida! Percorrer a cidade de uma ponta a outra até que nem fora difícil. Principalmente por causa da sua recente velocidade demoníaca. E apanhar aqueles seres repugnantes escondidos nos cantos mais escuros! O calor do combate e a sensação de envergar a lâmina a cada golpe. Ah! Sim, a lâmina! Edwin perdera-a umas boas cinco vezes, deixando-a cair ou simplesmente escorregar enquanto atravessava os edifícios mais altos. Mas não havia problema nenhum. Assim que uma situação de perigo surgia, a espada acinzentada não tardava a vir de sabe-se lá onde, para aparecer de um momento para o outro na mão direita do seu novo dono como que invocada. Como se viesse socorrer o seu mestre, ou simplesmente sedenta de sangue, pretendendo ser usada para mais uma vez para esventrar um demónio. O mais engraçado daquilo tudo era que Edwin nem sequer estava cansado. Pelo contrário, sentia-se com se tivesse enfiado a cabeça num balde de água fria. Talvez aquela fosse a sensação normal da transição de forma normal para ser das trevas.
-Bolas! O despertador!- desligou-o ao notar que este já tocava sem parar à um minuto e meio.
Levantou-se e e decidiu preparar-se para mais da mesma rotina.
Ao passar a entrada no edifício da escola, Edwin avistou Joe. Outro dos seus colegas.
-Yo, Edwin! Como foi o sono?- pergutou Joe no gozo.
- Algo agitado.- respondeu Ed indiferente
- Tiveste pesadelos?- Edwin acenou destraidamente que sim com a cabeça, enquanto revia a sua "noitada". Joe apercebendo-se da falta de atenção do seu amigo, aproveitou o assunto para o "picar" um bocado e voltar a colocar-lhe os pés na terra.
- Ou será que a Trish te foi visitar nos sonhos?- Joe preparou-se para a reacção.
- Não sejas parvo!- exclamou Edwin.- Revendo a pergunta automaticamente na sua mente, Ed sentiu um arrepio fora do normal. Como se um monte de agulhas lhe tivessem penetrado a pele por todo o corpo. Mas sem ser necessariamente acunpultura. Mas mal se deu o toque de entrada, a linha de pensamento de Edwin quebrou-se, e a sensação parou sem que este nota-se sequer. Ele e Joe mudaram para outro assunto enquanto se dirigiam para a sala.

sábado, 31 de outubro de 2009

Demon Soul: Inferno na Terra

Edwin saiu pelas traseiras da sua casa em direcção aos ecopontos do outro lado da rua. Carregava dois sacos verdes de, supostamente, lixo doméstico. A sua mãe tinha-lhe dado um pequeno sermão acerca de chegar a casa dentro das horas combinadas, mas Edwin pouco tinha entendido disso. Tal era a curisosidade e o medo pelo acordo que tinha selado com o Diabo à umas horas atrás. Era ainda difícil de acreditar no sucedido sequer! Talvez até nem tivesse acontecido! Talvez, ele tivesse batido com a cabeça em algum lado e imaginado aquilo tudo! Sim, só podia ser isso! Estava tudo na mesma, como sempre. Amanhã iria acordar e teria um dia natural. Edwin sentiu-se mais descontraido, mas no entanto, desiludido. Suspirou e em seguida abriu a tampa do contentor. Estava uma noite gélida, e Edwin só queria despachar aquilo para voltar ao quentinho acolhedor da sua casa. Mas assim que depositou o lixo e se virou para regressar, o susto não podia ser maior. Dez criaturas vermelhas e grotescas rodeavam-no, os seus olhos a reluzir de uma coloração amarela de sinistralidade. Edwin tentou manter a calma. Recuou dois passos até ficar encostado ao ecoponto. "O que fazer?" pensou ele prestes a entrar em pânico. E de repente, todo o seu medo começou a desaparecer. Sem saber bem como estava a agir, avançou em direcção a uma das criaturas. Puxou-a pelo braço vermelho e torceu-lhe o pescoço num relampâgo. O ser caiu sem vida a seus pés. Como raio é que ele, Edwin Brat, tinha feito aquilo na perfeição, se nunca na vida teve lições de combate? Quando voltou a prestar atenção ao facto de estar cercado, um deles tentou o ataque de frente. Edwin fintou-o agilmente, mais uma vez sem saber como o fazia, quase por instinto. Agitou o braço na direcção da criatura, e esta dividiu-se diagonalmente em dois esvaindo-se em sangue. "Mas como?" perguntou-se Edwin a si próprio. Quando finalmente notou, uma espada longa e acizentada agora molhada com tripas era envergada na sua mão direita.
-Ok, tenho a certeza que não trazia nada disto quando saí de casa!-exclamou Edwin mais passado do que já estava. Uma espada que ele nunca tinha visto antes não podia aparecer assim do nada e ir parar às suas mãos! Mas vendo bem, também não era costume ele lutar da maneira como o estava a fazer agora. Ao contemplar a espada, Edwin observou o seu reflexo na lâmina, e notou algo de ligeiramente diferente no seu rosto. Não teve tempo de se examinar melhor, pois nesse momento outra criatura vermelha saltou-lhe para cima! Ed virou a espada para a frente, empalando o ser grotesco. A cara sem vida , pendurada, fixando-o com aquele olhar morto, com olhos que ainda assim se iluminavam no escuro. Era macabro, mas Edwin sentia-se bem! Um calor, acompanhado por um sentimento de confiança subiu-lhe pelo corpo, confiança até demais. Sentia-se a escaldar!
-Venham a mim, seus grandes filhos da...- antes de acabar de bramir a frase completa, as criaturas já estavam todas a saltar-lhe à cara!
Edwin avançava e recuava enquanto habilmente sacudia a espada para todos os lados! O que fazia naquele momento, era practicamente ao calhas, mas os cortes que executava saíam limpos e fluídos, projectando sangue e membros amputados para fora da sua direcção. Meros segundos depois parou, algo que se sucedeu tão depressa como quando ele tinha começado. Edwin observou o cenário à sua volta. Sangue e corpos avermelhados decoravam o alcatrão negro da estrada.Tinha-os despachado a todos com profissionalidade, mas no entanto, ele nunca tinha feito aquilo. Enquanto se perguntava acerca de tudo o que estava errado naquela situação, mesmo à sua frente , no meio do nada surge-lhe de novo o Diabo. Este olhou para as criaturas chacinadas antes de dirigir uma palavra. Um ar de satisfação invadiu-lhe o sorriso ao ver aquele cenário terrível.
-Então, gostaste do Test Drive?- o rosto do Diabo estava coberto por um capuz, mas a sua voz grave e amplificada chegavam para causar arrepios.
-Importas-te de me explicar isto?-respondeu Edwin ainda não percebendo nada.
O Diabo fixou Edwin e tomou um ar mais descontraído, dirijindo-se com uma voz relaxada:
-Caro Ed, isto é o que tenho para te oferecer.
-Isto?-Edwin apontou para a espada que erguia.-O que raio faço com isto?
-Não se trata apenas disso!-fez uma pausa-Não o sentiste?
-Sentir o quê?- Edwin permanecia confuso, mas começava já a encaixar algumas peças.
-A força, a agilidade, a graciosidade. O poder!- o Diabo tirou delicadamente a espada a Edwin e colocou-a a centímetros da cara do rapaz. O ferro da espada era bem trabalhado, a lâmina, afiada e perfeita, estava agora tingida de vermelho pelo sangue derramado. Edwin obervou o seu reflexo brilhante, e apanhou um choque imenso. A sua pele era mais pálida que o costume, o seu cabelo encaracolado levantava-se como se se tivesse gel, e os seus olhos antes castanhos escuros, eram agora vermelhos. Sem púpila ou íris, um completo vermelho vivo brilhante ocupava os seus olhos cheios.
-Estou horrendo!-gritou Edwin-O que me fizeste?
-Não te preocupes, rapaz. Essa aparência desaparece quando não precisas de "o" usar. Afinal de contas, todos os demónios precisam de uma forma humana para vaguear por este mundo à vontade, não é?
Edwin exaltou-se ainda mais depois de o Diabo terminar de proferir a frase.
-O que queres dizer com forma humana?
O diabo mudou para um tom mais sério:
-Edwin, tu querias diferença. E a única maneira de eu te tornar único à parte dos outros era tornar-te num demónio.
-Não! Eu não concordei com nada disto! Muda-me de volta, já!
-Espera, não te percepites.-o tom de voz do Diabo era outra vez calmo e sereno.-Ainda não sabes todos os pormenores. Tu és um demónio, tens poderes sobrenaturais e uma espada brilhante muito especial como bónus. A passagem da forma humana para forma demoniaca é bastante simples, e a única coisa que te peço, é que me faças um pequenino favor em troca.- Edwin desconfiou bastante destas últimas palavras.
-Que favor?
-A única coisa que te peço é que tires umas horitas do teu horário nocturno para caçares alguns demónios que, vá-se lá saber porque, acham-se melhores que o meu ser.
-Queres que seja o teu lacaio? Já vi tudo.
-Pensa no que és capaz de fazer com isso! Já o experimentaste, não já? Não te soube bem?
Edwin ponderou por algum tempo. Por um lado tornava-se num ser demoniaco do inferno. Não era exactamente o sonho de toda a gente. Mas por outro, o poder que isso significava, a diferença que isso faria na sua vida!
-Ok, eu aceito.
-Ainda bem.-o Diabo entregou a espada de volta a Edwin.
Ed contemplou mais uma vez o reflexo da sua forma demoníaca na lâmina. Os seus olhos vermelhos assustavam-no sobretudo. Mas ele teria de se habituar àquela aparência. No fim de contas iria ter de a usar por parte do tempo dali para a frente. O Diabo estendeu-lhe a mão, e Edwin apertou-a. Mais uma vez, aquele calor a subir-lhe pelo corpo acima.
-Quando é que começo?-perguntou
-Agora mesmo.-respondeu o Diabo.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Demon Soul: O Pacto

No final daquele dia, Edwin decidiu voltar logo para casa, a pé. De vez em quando ele apreciava dar uma volta sozinho para pensar acerca de outros assuntos que não escola, trabalho ou amores. Era então nesses momentos que a sua imaginação se soltava para além do possível. E foi então que em pleno pensamento, Edwin virou para um beco escuro sem se aperceber.
-Espera, onde me fui eu meter?- perguntou-se Edwin a si próprio quando chegou ao final do beco.
De repente e sem aviso, o Sol encobriu-se nas nuvens escuras tornando aquela tarde quente num mau dia. A pouca luz que incidia no beco deixa de existir, e Edwin apercebeu-se que algo de errado se passava. Ele olhou à sua volta, uma, duas, três vezes. Mas só à quarta vez é que reparou neles. Seis vultos encapuçados rodearam-no de surpresa. "Seram gatunos, membros de um gang que me vão roubar as coisas todas?" pensou ao início. Mas depois reparou que havia algo de estranho, quase de errado com as figuras. Vendo-se sem escapatória possível, entrou em pânico e correu contra o vulto que tapava a única saída! Estava com esperança de conseguir derrubá-lo e abrir caminho à força! Mas a figura nem se quer se mexeu. Edwin sentiu-se como se tivesse embatido contra uma parede a toda a velocidade. Atordoado da pancada, mal sente o empurrão que sofre a seguir contra o solo. E a ultima coisa que vê, são seres indescritíveis a sair disparados dos capuzes em sua direcção.
"Edwin... ou Edwin..."
- Quem?!- Edwin acorda de uma vez, sentido as correntes a prenderam-lhe os braços contra a parede. Conseguia observar à sua volta uma sala com aspecto de masmorra, e um cheiro a bolor entranhava-se no seu nariz.
- Eu não me lembro de vir aqui ter.- disse a si próprio suavemente tentando acalmar-se do choque.
Antes que tivesse tempo para sequer pensar em algo mais, uma figura encapuçada como as do beco surge-lhe à frente, do pó. Com uma única diferença, pois esta era maior e mais assustadora.
- Sê bem-vindo Edwin Brat.- a voz da figura era grave e parecia amplificada.
-Eu não me lembro de aceitar nenhum convite, amigo.- Edwin tentava parecer descontraído para com o tipo. Podia ser uma ideia estúpida. Mas talvez consegui-se intimidar o seu raptor.
-Edwin, eu sou aquele a quem chamam o Diabo.- aquela afirmação deu a Ed uma vontade de rir imensa. Que pessoa perturbada era esta para afirmar ser um ser mitológico como aquele?
-Diabo? Claro que és! Deves pensar que tenho cinco anos, não?
A mão do indivíduo saltou sobre o pescoço de Edwin, uma mão gelada que dava a sensação de estar morta. Edwin reparou na coloração do braço. Era vermelho escuro.
-Pirralho insolente! Duvidas da minha palavra? Eu já te ensino!- Edwin sentia a mão fria a fechar-se, apertando-lhe o pescoço lentamente.
A respiração de Edwin foi imediatamente cortada, mas como tinha as pernas soltas conseguiu desferir um pontapé que acertou em cheio no estômago do captor. Este então contraiu-se para trás em dor, e com a agitação, o seu capuz caiu para o lado. A cara da criatura era simplesmente repugnante demais para ser descrita. Era impossível alguém se maquilhar suficiente bem, ou ter uma máscara suficientemente profissional para se parecer com aquilo. O sujeito que estava de pé a frente de Ed, era sem margem de dúvida algo do outro mundo.
-Agora já acreditas?-Edwin sentiu um choque nos membros, como se tivesse sido atraído pela parede como um íman. Os olhos vermelhos cintilantes e sem pupila daquele ser perturbavam a mente de Ed.
-Edwin, estive a observar-te de a alguns dias para cá.-retomou o Diabo num tom calmo mas ainda com a sua voz exageradamente grave e amplificada.
-Não tens muitas razões de queixa , pois não rapaz? Amigos, casa, família, uma miúda que apesar de te rejeitar a maior parte do tempo tem um fraquinho por ti. Há! Espera, parece que apesar de tudo existe uma coisa que te aborrece, não é?- o tom de voz do Diabo tornava-se cada vez mais malicioso a cada palavra que cuspia.
-Falta-te aquele sentimento do pouco habitual. Aquilo que te tira a monotonia diária. Certo?
-Bem, pode-se dizer que sim.-confessou Edwin com alguma desconfiança.
-E se eu te disse-se que te posso encher esse vazio infestado com a rotina do dia-a-dia? Que eu te posso tornar diferente de uma maneira que nunca pensaste antes?
Edwin revirou os olhos e respondeu:
-Porque razão havia eu de confiar no Diabo? Porque havias tu de me ajudar sequer?-o diabo entendeu logo onde Edwin queria chegar com aquela conversa.
-Ora jovem rapaz. O folklore popular tem-te dado voltas ao cérebro! Eu não sou assim tão mesquinho como toda a gente faz entender! A minha única intenção é tirar-te a monotonia do espírito. Fazemos assim, experimentas uma vez, se não gostares volta tudo ao normal.
As correntes desfizeram-se e Edwin conseguiu finalmente aterrar os pés no chão. Ao olhá-lo dos pés à cabeça, estigmatizou que o Diabo devia no mínimo ter uns dois metros. Este estendeu-lhe a mão vermelha escura com um sorriso de alguém em quem não se pode confiar.
-Então Eddie? O que dizes?
Edwin apertou a mão gélida do Diabo em concordância. Sentiu um calor ardente a subir-lhe pelo corpo, e mal teve tempo de reparar, estava estendido no chão de volta ao beco.
Levantou-se e olhou em seu redor. Era já de noite, e conseguia ver as luzes dos postes nas ruas.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Demon Soul: Ele e Ela

Esta improvável história que estou prestes a contar perde-se pelos limites do tempo. A sua data é incerta. Até podia ter-se passado neste presente, ou talvez uns anos mais à frente no futuro, quem sabe talvez umas décadas atrás no passado. Mas indiferentemente do ano, a sua única pista indicando o tempo, é que se passa algures por perto desta data de 31 de Outubro.
Naquela noite fria de chuva o vento batia nas janelas e estores do bairro nº75 dos subúrbios de Strangeopolis. As águas, criando pequenas correntes nas estradas e passeios à medida que se acumulavam, escorriam para os esgotos da cidade sem parar. Em breve pela alvorada, as tampas dos canais subterrâneos transbordariam, inundando as ruas mais pequenas e estragando o dia a algumas pessoas assim que acordassem.
Edwin Brat não precisou de despertador naquela manhã gélida. O dilúvio da noite anterior tinha sido barulhento o suficiente para o impedir de pregar olho por momentos que fosse. Devagar e algo ansioso como em todas as manhãs de semana, levantou-se do colchão afastando os lençóis para o lado e bocejando por momentos. Observava o seu quarto desarrumado enquanto pulava da cama e se espreguiçava pensado no momento em que se tinha ido deitar no dia anterior. Invejava o sua figura do passado prestes a deitar-se para descansar durante 8 horas seguidas, mas tentou desviar esse assunto e pensar no dia que ainda tinha pela frente. Um dia de aulas nunca era muito animador para quem quer que fosse. Especialmente para ele que mais que tudo gostava de ter a sua liberdade em vez de ficar limitado a um horário estúpido.
Depois de tomar banho, vestir-se e tomar a sua tradicional malga de cereais, Edwin pegou na mochila e dirigiu-se com cuidado à garagem. Ao sair de casa teve o cuidado de não fazer barulho, pois sabia que a sua mãe tinha um sono leve. Desceu a escadaria do 2º andar até ao piso mais baixo. Abriu o portão da garagem e tirou de lá a bicla. Era uma duas rodas de cor vermelha e preta que, pessoalmente ele até apreciava. Edwin levou a bicicleta à mão até à saida do edíficio, e antes de se montar no assento observou o ambiente à sua volta. A manhã suava de humidade e algum frio. Frio este, que em vez de desagradável até sabia bem pela manhã. As vidraças das casas e os carros estacionados encontravam-se encharcados. A plantação dos quintais tinha ganho uma coloração mais verde viva, era possível ainda distinguir pequenas gotas no topo das ervas.
Chegando à escola, Edwin estacionou a bicicleta trancando-a a cadeado. Ao pousar os seus pés de novo no solo sentiu o peso da mochila. Com sorte naquele dia o horário até nem era muito apertado, tendo a maior parte da tarde para andar na rebaldaria com os amigos. Entrou pelos portões e sentiu-se como se tivesse feito a escolha errada, subiu a escadaria e virou à direita ao ver o seu grupo ali ao pé.
-Já não era sem tempo Ed! Está mesmo quase a tocar.
-O importante é que cheguei a tempo.- respondeu Edwin ao seu colega.
-Ela passou mesmo agora por nós, meu. Nunca mais lhe disseste nada!
Edwin sabia a quem o seu amigo se referia com "Ela". Trish Sanders, a rapariga por quem Ed tinha um fraquinho e com quem já tinha tentado a sua sorte algumas vezes.
-E o que é que isso tem? Parem de me chatear! Vocês sabem que eu já me declarei um monte de vezes. Ela não quer saber de mim!- Ralph, um dos colegas abanou a cabeça em desaprovação.
- Aí é que te enganas! Tu sabes perfeitamente que ela também tem um fraco por ti. Tens é de lhe dizer as coisas da forma correcta.- aquela situação já o torturava à semanas. Edwin tinha tentado, sempre confiante, mas ela acabava sempre por lhe dar com os pés. Ruía-lhe o estômago quando não tinha mais que fazer. Só de pensar nela. Que desgosto.
-Estudas-te para o teste Ed?- perguntou-lhe outro colega entrando por outro assunto.
-Teste? Que teste? Não sabia de nada!- Edwin exaltou-se mas rapidamente se acalmou quando se lembrou qual era o teste.
- Há! Espera! O de Espanhol? Pfft, como se precisa-se de estudar para isso.
Naquele momento de alívio ouviu-se um ruído incomodativo que se fez soar por toda a escola. Estava na hora de começar o dia. Já dentro do edifício, Trish e as amigas passaram por eles. Edwin virou a cabeça com um tanto ou quanto de vergonha, e Ralph exclamou:
- Olha Ed é a Tr...- Edwin apressou-se a interromper o amigo para não chamar a atenção
-Esquece...-suspirou.
Edwin Brat tinha 14 anos e gostava bastante da sua vida. Cabelo preto encaracolado de que se orgulhava muito, e olhos castanhos escuros cor de café. Tinha já passado por muitas experiências e emoções, e a única coisa de que se arrependia, era de ter uma rotina bastante monótona.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

THE HUNTERS: Disturbios

A visão distorcida de Draco voltou ao normal pouco depois de acordar. Enquanto olhava em volta de si, o susto e os calafrios aumentavam. O caçador encontrava-se numa pequena sala cercado pelo vazio. Pelo aspecto sujo e poeirento do lugar de certo que ainda estaria no interior do edifício. Mas tanto podia ainda estar enfiado numa fábrica abandonada em FogCity como num velho armazém em Nova York. Levantou-se do chão lentamente, ainda sentido as dores da possível "anestesia" ao crânio. A primeira coisa que se lembrou de fazer foi verificar a orelha direita.
- Bolas! Tiraram-me o intercomunicador!- e a seguir notou que não sentia peso algum nas costas.
À sua frente destacava-se uma porta de madeira. "Com um pouco de sorte está uma bela paisagem campestre do outro lado." pensou sarcasticamente para si. Avançou para a porta e calmamente tentou rodar a maçaneta. Estava como seria de esperar, trancada. Draco recuou o máximo de passos que a apertada salinha permitia. Voltou o ombro para a frente e ganhou fôlego. Enquanto ganhava coragem receava com o que quer que estivesse para lá da porta.
- Aqui vai nada!- correu contra a porta o mais rápido possivel naquelas condições, e no momento da colisão ouviu um forte estalido que, mais que tudo, esperava ser a madeira da porta a ruir e não os ossos do seu corpo a quebrar.
Já fora daquele espaço claustrofóbico, Draco limpou as lascas e fragmentos de madeira que se tinham agarrado às suas roupas. A porta arrombada jazia à sua frente , metade para cada lado. O caçador observou o escuro fundo do corredor onde se encontrava. Com uma única escolha a tomar, e algum receio pelo que estivesse camuflado entre as sombras avançou em frente para sabe-se lá onde. Estava completamente desarmado. Não fazia ideia do tempo que tinha permanecido inconsciente, e sem intercomunicador não podia pedir ajuda. Perguntava-se acerca do seu parceiro. Onde estaria? Estaria vivo? E onde estaria ele próprio? Com um pouco de sorte ele, Draco, permanecia ainda no sétimo andar, e Frank, talvez ainda a respirar, continuava a explorar os pisos inferiores. Se ao menos se conseguisse orientar podia sair dali. A cada passo que dava, o corredor tornava-se mais frio e a respiração mais veloz.
- Ao menos ainda fiquei com o casaco.- suspirou Draco tentando animar-se a si próprio. Mas aquele local era tão quieto, escuro e medonho, que até a melhor piada do mundo não era capaz de criar qualquer riso.
Finalmente no final daquele longo corredor situava-se outra porta, desta vez não de madeira rançosa, mas de metal coberto de ferrugem. Com expectativas de não ter de arrombar mais nada, Draco girou a maçaneta. A porta deslizou suavemente gerando um desconfortável ruído metálico.
Ao contrário do corredor escuro, o espaço que Draco viu a seguir até nem estava muito mal iluminado, mas o choque foi a completa e desproposita aparência do local. A área 51 seria menos estranha. Aparelhos esquisitos cheios de pequenas luzes vermelhas e amarelas que piscavam sem fim. Grandes mesas de dissecação ensanguentadas, com pequenas mesas cheias de instrumentos para operações ao lado. Jaulas de todos os tamanhos junto ás paredes e penduradas no tecto. Mas o mais estranho de tudo eram os enormes contentores de vidro, que pareciam albergar algo no interior. Draco aproximou-se para observar a estranha criatura no interior de um dos contentores. Asquerosa e repugnante, não era muito diferente dos demónios com que ele e Frank tinham estado a batalhar este tempo todo. E então como um relâmpago, Draco juntou as peças e completou o puzzle. Era agora óbvio o objectivo dos H.I.M naquele sítio. Mas antes que tivesse tempo para pensar em mais alguma coisa, um som preocupante chamou-lhe a atenção e ele virou-se num salto. Meia dúzia de demónios asquerosos tinham-se aproximado silenciosamente enquanto ele raciocinava, e agora estava cercado e sem maneira de reagir. O coração parou mal ficou a dois passos de ser estrangulado. Ia agora viajar para a famosa morte, e o bilhete de partida não podia ser em pior classe. Quando Draco acabou por aceitar o seu destino final, a cabeça do demónio que avançava sobre ele explode em carne e veias! Com o medo, o caçador só se apercebe de tal quando o sangue esborrata a sua cara. Os outros demónios mal reagem, e antes de o corpo do primeiro cair pelo solo, os cinco restantes são executados num piscar de olhos. Draco só deixa de suster a respiração quando avista Frank a dois metros dos corpos empunhando os seus dois revólveres.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

ELEMENTAL: A Brasa e a Faísca

Olhou-me directamente para os olhos. O olhar dele era flamejante e reflectia o que estava a sentir: fúria, raiva, medo. Ele percebia que não era o único "todo poderoso" na cidade, agora tinha alguém igual que até lhe podia fazer frente. E eu sentia o exactamente o mesmo, e temia que, tal como eu estava a ser capaz de lhe ver as intenções, ele também estivesse a ver as minhas.
Os meus braços começaram a faiscar furiosamente , mas eu mal o senti, tanto era o meu estado de nervosismo naquele instante. Ele tomou aquilo como um desafio e mal eu dei por isso uma labareda passou-me por cima do crânio. Era ele que tinha má pontaria ou queria apenas gozar comigo? Em reacção ao ataque disparei instantaneamente uma descarga eléctrica na sua direcção. Era fácil até. Bastava pensar e aquilo saía automaticamente da palma da mão. A descarga acertou-lhe no peito, o rosto dele expressava perfeitamente a sua dor enquanto a corrente eléctrica se dispersava pelo corpo. Faíscas azuis a movimentarem-se eram visíveis na sua cara e membros. Mas ele não caiu, não se baixou nem se mexeu. Fechou os olhos com força enquanto lutava para suportar aquele golpe e momentos depois voltou a abri-los. Um sorriso perturbador formou-se no seu rosto enquanto olhava para mim. De repente, uma fila de chamas saiu-lhe de ambos os pés formando um circulo de fogo à nossa volta. Comecei a transpirar de medo e de calor. Estava completamente encurralado num anel de labaredas a flamejar a sei lá quantos graus com um psicopata pirócinetico. Sentia-me a desfalecer com todo aquele calor, mas tinha que me aguentar. Não podia dar o meu lado fraco. Não podia deixar que ele percebe-se que eu mal conseguia controlar a minha capacidade! A única maneira de sair vivo era intimidá-lo,dar-lhe a perceber que eu era mais forte do que na realidade era. Por isso pensei no medo que tinha, e no quão nervoso estava ali fechado. Senti a electricidade a subir pelos braços acima até à cabeça e a seguir a descer pelas pernas abaixo. Faiscava agora mais que o normal, e sentia-me até mais confiante. Mas o meu adversário não pareceu intimidado com o que eu fiz, deu para perceber quando imediatamente depois de eu me tornar numa faísca viva vi o seu corpo a pegar fogo. Era-mos agora dois elementos vivos frente a frente. Pé depois de pé, exactamente ao mesmo ritmo eu e ele andávamos em círculos pelos limites das chamas. Predador contra predador. Olhávamos-nos nos olhos, mas já não conseguíamos ver o que passava pela mente do outro, tanta raiva e determinação que estava agora à frente dos nossos sentimentos como uma sólida parede de betão. O meu medo tinha sido substituído por confiança, ia lutar pois não podia fugir. Ainda não sabia bem como o faria, mas iria enfrentá-lo. De imediato, quebrando o ritmo hipnotizante daquele círculo ele desata a caminhar na minha direcção! "O que fazer? Se ele me toca estou frito literalmente! Tenho de o impedir, conseguir que ele recue!" Não conseguia pensar em nada a não ser em pânico. Aponto as palmas das mãos contra ele, mas o que pode um pequeno relâmpago fazer contra alguém que arde dos pés à cabeça? Qual é pois a minha surpresa quando uma enorme onda eléctrica escapa das minhas mãos enquanto sinto toda a electricidade a abandonar o meu corpo. O homem flamejante é brutalmente empurrado para cima e para trás e o circulo desaparece mal ele passa os limites! Eu então começo a sentir-me fraco, frágil. Caio de frente no duro asfalto e mais uma vez começo a perder a consciência. Antes de desfalecer pensei:" Talvez quando acordar tudo não tenha passado de um sonho muito estranho." Não me importava que isso acontece-se. Mas no fundo não queria que fosse realmente assim.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

ELEMENTAL: Electrocinese 101

Enquanto passava pelas ruas largas da cidade a observar a multidão, ficava cada mais convencido que a minha nova "característica" apenas traria melhoramentos à minha vida. Olhava para um lado e para o outro sem hesitação, e apercebia-me. Tanta gente, velhos e novos, homens e mulheres, cada um diferente de sua maneira. Mas no fundo todos iguais. Cada um individualmente, aborrecidos e chatos, um bando de rotineiros enfiados num ciclone que só terminaria quando descobrissem a morte. Gente completamente hipnotizada pelo seu ambiente tão normal que dificilmente se aperceberiam do que estão a deixar passar ao lado. Mas eu não. Quantas pessoas são capazes de fazer o que eu faço? Quantas pessoas podem dizer que são completamente diferentes do resto do mundo? Estou a ver. Agora a única pergunta era: como usar o meu, digamos, dom? Estava agora embrulhado numa questão e completamente distanciado do ambiente em redor. Por essa razão mal reparei no início dos acontecimentos seguintes.
Um ligeiro tremor pelo corpo, um fraco som de explosão, e a seguir o caos. Só me lembro de um embate profundo e de labaredas. Depois não vi mais nada até acordar.
No princípio não me lembrei de nada. Só sabia que tinha acordado e que estava deitado, provavelmente na minha cama. Mas porque razão estava o colchão tão duro? Demorei três segundos a aperceber-me que não estava numa cama mas sim no duro asfalto da estrada, e o dobro do tempo a lembrar-me de uma explosão. Tentei levantar-me enquanto olhava em volta, mas um drástica mudança de paisagem deixou-me simplesmente de costas, apoiado com os cotovelos no chão. É um bocadinho difícil alguém ficar de pé ao ver uma avenida inteira completamente desfeita quando à instantes estava como outra avenida qualquer. Os edifícios que não tinham caído por terra tinham no mínimo ficado sem uma metade. Os passeios e a estrada cobriam-se agora de enormes e pequenas crateras. No local havia indícios de queima, e o mais estranho era estar completamente vazio. Se não existissem sobreviventes deviam existir ao menos corpos certo? Seria possível toda agente ter sido pulverizada? Mas então porque é que eu permanecia intacto? Finalmente olhei para trás, e o susto não podia ser maior. A cinco metros de mim, um homem que podia ser aparentemente normal, libertava do seu cabelo e das mãos um elemento alaranjado e reconhecível. Fogo.
"Como seria aquilo possível?"- pensava eu. Emitir chamas das mãos? Mas por outro lado, se eu...
O tipo virou-se para mim com cara de mau. Pena, se ele não tivesse dado por mim até podia ter-me escapado ao destino pela segunda vez hoje. Elevou a palma até ao nível da cabeça e de repente as chamas aumentaram de tamanho. Aos cinco metros de distância que nos separavam já sentia o calor do fogo, como se estivesse apenas a poucos centímetros de uma fogueira. A minha mão gerou pequenas faíscas, e a seguir um jacto de fogo saiu disparado da mão dele, aterrando decímetros ao lado da minha cabeça e criando uma pequena cratera no asfalto! Engoli em secou e rastejei uns centímetros para trás. Não conseguia fazer mais nada naquele momento! A electricidade que criava percorria agora o meu braço direito furiosamente. Ele aproximou-se uns metros e apontou-me a mão a flamejar prestes a lançar mais labaredas. Eu só era capaz de gerar electricidade! Não o podia enfrentar! Cobri instintivamente a cara com o braço direito, pensei em como tinha de me defender daquele tipo mas não era capaz de o fazer. Imediatamente depois desse que pensava ser o meu último pensamento, um relâmpago azul sai projectado da minha mão directamente contra o tronco do homem flamejante. Ele torna-se estático e caí para trás. A minha cara obteve possivelmente a expressão mais parva quando percebi o que tinha acabado de fazer. Olhei para a palma da minha mão. Uma corrente eléctrica faiscava nos meus dedos, mas não da mesma forma que das outras vezes. Eu próprio sentia-me mais diferente do que o diferente que já sentia. Apercebi-me que era mais do que o que pensava ser até ali. Eu conseguia gerar electricidade, mas também conseguia expulsá-la para outros efeitos. Não era simplesmente capaz de fazer um truque de magia. Eu tinha poder

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

ELEMENTAL: Notícias e Limões

O que fazer quando descobres ser capaz de gerar e absorver electricidade? Como reagir?
Lá estava eu, estupefacto e paralisado. As minhas mão faíscavam e a minha mente estava em branco. Por fim, 20 minutos depois veio-me a primeira questão.
- De onde raio veio isto?-horror e anormalidade vieram-me à cabeça. Como iria passar o resto da minha vida sabendo que era uma bateria viva? E mais cedo ou mais tarde alguém iria descobrir! Um tipo que brilha verde e azul das mãos não passa despercebido! Como é que eu iria explicar isto a alguém sequer? "Olá malta, belo dia! Já agora, sabiam que eu sou capaz de gerar faíscas das mãos?" não seria sem dúvida a melhor abordagem.
- Ainda por cima sou jornalista! Isto não me pode estar a acontecer!
E então nesse momento do tipo "Tens a vida toda lixada", passou-me pelos olhos toda a minha vida actual:
O ser jornalista em si, não era propriamente aborrecido. As notícias por outro lado, não se podia dizer o mesmo. Tirando todos os problemas mundiais actuais, que mais existe numa pacata e monótona cidade para contar? Política? Chato. Economia? Enfadonho. Ao olhar melhor, lá no fundo sempre quis que algo de diferente aparece-se á minha frente! E aqui estava esse diferente que procurava! Dizem que quando a vida nos dá limões, nós fazemos limonada. Bem, já tinha os limões acabados de chegar por correio expresso, agora só faltava espremer o sumo.
Olhei para o relógio da sala. Eram 14:oo em ponto e eu ainda nem tinha almoçado. Já devia estar de novo na imprensa. O que fazer? Voltar para a minha secretária e para o meu computador a trabalhar numa notícia aborrecida qualquer e assim recusar uma oportunidade? Ou ir dar uma volta para experimentar as minhas novas capacidades mas arriscar-me a ser despedido?
Levantei-me do sofá num pulo:
- Que se lixe o trabalho! Preciso de espairecer!
A porta da entrada fechou-se com força atrás mim assim que abandonei o apartamento.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

ELEMENTAL: O Acordar

Colei-me ao cadeirão do escritório e debruçei-me sobre o computador. Não havendo nada de interessante para dizer sobre esta maldita cidade numa notícia, decidi pesquisar sobre qualquer coisa que tivesse a ver com o resto do mundo. Algo que valesse uma página de jornal. Mas o que há de interessante no mundo hoje em dia, que valha a pena ser colocado nas páginas da poderosa internet? Grandes crises económicas, doenças, guerras, fomes, atentados. O suícidio da civilização em câmara lenta. Tudo assuntos já demasiado gastos. Eu queria algo de novo, de diferente. Algo que devesse ser contado a toda a gente deste mundo. Não sabia ainda que em breve iria encontrar esse algo que procurava. E muito menos, esperava que esse algo, fosse eu próprio.
Vindo do inesperado e sem razão de ser, o ecrã do computador entra em intreferência.
- Que raio se passa com esta coisa?- perguntava-me eu confuso. Numa tentativa em vão para descobrir a origem do problema verifiquei as ligações uma e outra vez. Nada.
O som do granular causado pela intreferência causava-me dores de cabeça profundas, por isso levantei-me do cadeirão. Estava a sair do escritório, ainda a escutar aqueles destúrbios horríveis, quando parou. A um metro e meio de distância da secretária já não ouvia nada. Estaria a ficar surdo? Aproximei-me de novo para verificar o estado do ecrã, e de repente, tão depressa como tinha parado, a inteferência veio novamente ao de cima. Só aquele irritante e poderoso som agudo a infiltrar-se nos meus ouvidos. A minha visão começou a distorcer, caí ao chão com tonturas e náuseas.
- Pára! Por favor, pára com isto!
Num segundo estava no chão prestes a perder a consciência, no momento seguinte estava simplesmente no chão. Novamente o barulho tinha-se dissipado como nevoeiro. Levantei-me devagar com medo que voltá-se. Olhei para o ecrã do computador uma segunda vez.
- Será que estou a perder o juízo?- pensei eu. Primeiro o telémovel que achava estar carregado, depois o computador que tanto emite disturbíos, como não os emite...
A passo rápido entrei na casa de banho e liguei a torneira. A àgua escorria naturalmente e sem anomalias. "Ao menos isso" suspirei eu. Mas assim mergulhei as mãos no lavatório, uma dor intensa que começou nas pontas dos dedos subiu pelos braços até ao meu cránio. Saltei para trás enquanto gritava, e mal aterrei os pés novamente no chão já não sentia aquilo. Esta situação já estava esquisita o suficiente, até que olhei paras as minhas mãos. Essa foi a gota que trasbordou o copo. Os meus dedos brilhavam num azul esverdeado, nas palmas das minhas mãos pequenos raios da mesma cor apareciam e desapareciam rapidamente, ligando-se entre si. Eu estava a gerar electricidade.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

ELEMENTAL: A Evolução

Qual é a sensação de poder? Deve ser bom estar á frente de uma grande companhia comercial, ou chefiar uma empresa dos media. Decidir entre a liberdade ou a punição de um condenado, dirigir um país inteiro. Mas eu não estou a falar desse tipo de poder. Ser capaz de realizar algo impossível, algo de sobrenatural, algo de fantástico. É deste tipo de poder que eu estou a falar, e ninguém sabe qual é a sensação de ser capaz de fazer algo assim, mas eu sei. Como? Perguntam vocês. Eu já tive esse tipo de poder. E tem tanto de mau como de bom.
O meu nome é Steve Buzzsaw, esta é a minha história:
O despertador tocou como em todos os dias de rotina. Com um peso na cabeça e uma preguiça no resto do corpo acabei por saltar da cama. Fiquei sentado a bocejar durante dois minutos, como se a minha vida não fosse mais do que dormir. Quem me dera. Levantei-me a olhar para o visor do despertador, eram 7 horas certas. Metia-me nojo a ideia de me ter de levantar tão cedo e tão rápido todos os malditos dias, excepto aos fins de semana e feriados. E com essa ideia a vaguear--me na mente, dirigi-me á cozinha em passo lento.
Entornei o leite frio para a malga e despejei os cereais, sentei-me na cadeira mais próxima e liguei a televisão. A minha mão movia-se quase automáticamente enquanto deslizava a colher pelo interior da malga e enfiava os cereais pelas minhas goelas abaixo. Automáticas também, eram as notícias da manhã que batiam no mesmo assunto faria já três semanas.
- A misteriosa gripe denominada agora gripe P(passageira) continua a alastrar-se pelo globo. Embora possuindo uma velocidade de contágio extraordinária, estudos indicam que esta doença não tenha consequências fatais em nenhum ser humano independentemente do seu estado. Em outras notícias...- desliguei a TV mal acabei de beber o leite alojado no fundo da malga. Levantei-me da cadeira onde estava sentado e fui preparar-me para o trabalho.
- Bom dia Steve! Como vais hoje?- O Carl era sempre o primeiro a cumprimentar-me quando chegava à imprensa.
- Vou como ontem e no dia anterior. Que há de novo?
- Tu sabes, o mesmo de sempre, nunca se passa nada nesta cidade enfadonha. É cada vez mais difícil escrever uma notícia hoje em dia.- depois de dizer isto a cara dele tomou uma expressão estranha e soltou um poderoso espirro para cima de mim.
- Tem cuidado para onde espirras pá! Não ouviste falar da nova gripe?- sinceramente não me preocupava com a tal gripe P. Se diziam que não tinha consequências fatais eu acreditava. Mas o acto de espirrar sem tapar a boca enojava-me.
- Peço desculpa. Não era minha intenção.
Passei a manhã a trabalhar num artigo pouco importante (como sempre). Era como o Carl dizia: "...nunca se passa nada nesta cidade enfadonha." Ás 12:30 quando ia a sair do edíficio, deparei-me com o John, um amigo de longa data que trabalhava na secretária ao lado da minha.
- Hey, Steve! Ainda não te vi hoje. Que tal irmos beber umas cervejas ao fim da tarde para animar depois de um dia enfiado aqui dentro?
- Parece-me bem. A gente vê-se depois de almoço.
- Sim, tenho é de telefonar para casa a dizer que volto mais tarde depois do trabalho. Até já Steve!
Já tinha virado as costas e abria agora a porta de saída, quando o Jonh me chamou novamente.
- Steve! Desculpa lá, mas é que o meu telemóvel ficou sem bateria agora mesmo e preciso que me emprestes o teu.
- Claro, na boa.- ia tirar o telemóvel do bolso, como qualquer pessoa normal faz, e foi nesse momento que começou o que vos estou a contar agora.
Olhei para o pequeno ecrã do meu celular barato antes de o emprestar e fiquei intrigado.
- Estranho. Também está sem bateria. Mas podia jurar que o tinha deixado a carregar durante a noite.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

THE HUNTERS: Amizade

- Draco! Draco! Estás aí? Draco!
Frank começava a ficar preocupado. Draco poderia ser o mais desleixado e desvairado, mas em tantos casos resolvidos nunca tinha deixado cair uma chamada de intercomunicador.
- Draco! Atende!- Frank sentia-se em pânico pela primeira vez em tantos anos, nunca isto tinha acontecido, eles eram profissionais. Seria apenas um mau sinal de rede, ou poderia Draco ter sido posto inconsciente por alguma coisa? Talvez mesmo morto. Frank sempre colocara a hipótese de morte quando Draco perdia os sentidos, ou quando este baixava a guarda, Frank ameaçava-o que o deixaria à morte caso fosse apanhado de supresa. Mas isso era tudo dito sem intenção. Sabia que o seu colega conseguia tomar conta de si o suficiente para não ser ferido mortalmente numa luta, ou distrair-se demasiado numa situação de risco. Mas aparentemente desta vez, Frank estava errado.
Ia desligar o intercomunicador que ainda emitia aquele som distorcido de chamada caída, quando um novo ruído agudo lhe chamou a atenção.
- Draco? És tu? O que se passa aí em cima afinal?
Uma gargalhada sinistra ecoou a partir do intercomunicador pelo corredor onde Frank se encontrava. O caçador de imediato soube o que devia fazer. Recarregou os dois revólveres com as últimas munições disponíveis, ajeitou o seu casaco e tirou os óculos de sol da vista.
Os olhos castanhos de Frank brilhavam de decisão e coragem, um brilho tão forte que se destacava nas sombras daquela já escura fábrica. Quem quer que fosse o sujeito ou a criatura que teria emitido a gargalhada, era sem margem de dúvida o fundo da questão daquilo tudo. A razão desconhecida pela qual os H.I.M se encontravam naquele local, naquele momento. E essa razão tinha capturado o Draco.
- Salvo o meu parceiro e mato o estupor. Dois em um. Nada mais fácil.
Frank avançou pelo corredor húmido a passo rápido, direito ao elevador. Ao entrar na caixa de metal enferrujada pelo tempo não pensou duas vezes, determinado e a transpirar de confiança, Frank premiu o botão que dizia "Sétimo andar".
- Chegou a hora de terminar o serviço.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

THE HUNTERS: Sozinho no Escuro

O demónio corria o mais possível que as suas pernas deformadas lhe permitiam correr. O seu alvo encontrava-se do outro lado da sala, quieto e de costas. Não se iria aperceber de nada. A criatura debatia-se em cansaço enquanto corria, esperava conseguir empurrar a vitima contra o solo e esmagá-lo. Estava a dois metros de distância quando saltou o mais alto que conseguia. Podia ser um demónio horripilante, mas, tal como todos os outros, possuia capacidades sobrenaturais impressionantes que valiam mais que o seu aspecto. Frank virou-se em centésimos apontando uma das armas e disparando violentamente. O crânio do demónio desfez-se em sangue e miolos. Seria um alvo fácil, demasiado fácil se a besta tivesse pensado nisso. Mas os demónios não pensam. E esse era o problema deles. O corpo da criatura que se balançava no ar a meio de uma salto parou, caíndo como se atraído por um íman. Frank vislumbrou a sala onde se encontrava. Montes de cadáveres demoníacos jaziam inertes, criando um ambiente de desconforto decorado com o vermelho de sangue. O caçador encontrava-se numa sala no terceiro piso do edificio. Ainda não tinha encontrado nada que lhe fosse útil, que lhe desse uma pista do que deveria fazer ali.
- Talvez o Draco esteja a ter melhor sorte que eu.-suspirou- Espero ao menos que ainda esteja vivo.
Draco encontrava-se sentado num cadeirão velho que cheirava a mofo. Os pés estavam apoiados numa secretária de mogno toda riscada e suja. Mesmo assim, era o mais confortável que podia estar num local como aquele. Tinha-se dirigido ao último andar à uma hora atrás. Deu uma olhadé-la a uns ficheiros velhos que encontrou no chão e desistiu. Sem sinais do sobrenatural nem ocorrências estranhas, dirigir-se ao último andar de seguida fora a melhor ideia que poderia ter. E embora o seu parceiro pudesse estar enfiado num mar de demónios uns andares abaixo, Draco não estava com peso na consciência, pois sabia que Frank era perito a lutar contra o oculto, e caso necessita-se de ajuda sempre tinha o intercomunicador. Mas Draco não queria pensar sequer em ter de ir socorrer o amigo. Só o trabalho que isso daria.
O decanso não durou muito mais, ao ouvir um som agudo Draco levantou-se do cadeirão e activou o intercomunicador.
- Diz Frank. Precisas de ajuda?
- Estou bem obrigado. Apanhei uns obstáculos mas nada demais. Só a confirmar para o caso de teres encontrado alguma coisa aí em cima.
Draco parou de pensar, tinha prometido a ele próprio que descansaria quinze minutinhos e voltaria logo de seguida a inspeccionar o andar. Mas já lá iam quinze minutos à muito tempo. Começou a passar a mão e a amachucar umas folhas em cima da secretária, para dar a entender pelo som que Frank ouvia, que estava a fazer o seu trabalho.
- Estou a investigar umas pastas cá em cima, mas ainda não encontrei nada de interessante.- na verdade para além de um ou dois ficheiros espalhados pelo chão, não havia mais nada que captásse alguma atenção. Todas as salas e corredores do último andar estavam vazios. Não havia mobília nenhuma e não se ouvia um ruído. Draco encontrava-se precisamente num escritório que deveria pertencer ao antigo dono da fábrica, e para além da secretária e do cadeirão, também não havia mais nada para ver. Só uma grande janela de vidro para o corredor é que dava ao sítio uma aparência diferente.
Draco desviou o olhar para a janela, e podia jurar que tinha visto um vulto a passar rapidamente. Segundos depois, a fraca iluminação do escritório apagou-se.
-Frank.-disse Draco em voz baixa pelo intercomunicador- eu já te ligo.
-Draco, o que se passa? Aconteceu alguma coisa?
Passaram-se segundos sem resposta, o que deixou Frank preocupado, mas por fim Draco respondeu.
-Nada, não se passa nada. E é isso que me preocupa.
A chamada do intercomunicador caiu. Frank só conseguia ouvir dísturbios de som.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

THE HUNTERS: Sobrevivência

O demónio de aspecto macabro aproximava-se dos H.I.M. Apesar de ser lento, a sua aparência bastava para paralisar os Caçadores, que se sentiam chocados e arrepiados. Pata depois de pata, a besta caminhava com dificuldade soltando grunhidos agressivos.
Tens alguma ideia Frank?- perguntou Draco paralizado pelo medo.
Tenho duas!- Frank sacou dois revolvéres de dentro do casaco e diparou furiosamente contra o demónio.
A criatura não fez um ruido enquanto era abatida, esperneou um bocado, e morreu. O seu corpo inanimado era repulsivo. Mas, de certa maneira, havia sempre a curiosidade de olhar. Era algo de diferente, de novo. É claro que para os H.I.M já fazia parte da rotina. Criaturas grotescas apareciam sempre quando menos se esperava, era sempre necessário estar alerta e manter a calma. Coisa que para dois caçadores do paranormal profissionais ainda era complicado de vez em quando.
- Já te esqueceste que estás armado?- perguntou Frank a Draco. Este ultimo tirou a caçadeira que tinha pendurada nas costas do casaco
- É bom que te lembres de reagir a partir de agora Draco. Eu não estou com paciência para estar a proteger-te do que te aparece pelas costas.- dito isto ambos começaram a caminhar pelo edifício.
Os corredores eram húmidos e escuros. A bateria das lanternas não era das melhores, e tanto Draco como Frank tinham poucas munições de reforço. Para sobreviverem a mais um caça teriam de trabalhar em equipa e partilhar os recursos de defesa que tinham. Já se tinham confrontado com situações semelhantes, era normal neste ramo de investigação. Mas o factor do trabalho de equipa podia tornar-se mais complicado que a situação em si. Frank e Draco eram completamente e sem margem de dúvida, os opostos um do outro. Draco tinha a cabeça quente, tanto entrava em pânico imediato como começava um frenesim descontrolado. Aspecto que quando perante uma situação perigosa e arriscada, dava jeito. Frank pelo contrário, era uma cabeça fria. Calmo e confiante, enfrentava os obstáculos da sua profissão com uma arma na mão, e um sorriso malicioso na cara.
Ao chegar ao fim de um corredor, os caçadores deram de caras com uma porta automática de metal.
- Um elevador!- soltou Draco com alívio- Podemos percorrer o edifício muito mais depressa até ao topo!
- Lembra-te que não fazemos ideia do que é suposto fazermos aqui. Podemos ter que limpar o edifício completo destes demónios. Nesse caso, eu sugeria explorarmos todas as áreas da fábrica.
Draco não queria explorar nada. Não lhe apetecia percorrer salas a abarrotar com seres demoníacos. Era para ele muito mais fácil dirigir-se ao último andar e esperar que o que quer que fosse o objectivo da missão, se encontra-se ali, ou que viesse lá ter com ele.
- Então fazemos assim, tu ficas aqui a explorar o local, e eu subo no elevador para outra zona.-sugeriu
Frank demorou uns segundos a concordar, mas depois assentiu:
- Tudo bem, mas liga o intercomunicador e mantêm o contacto.
As portas automáticas abriram-se e Draco entrou no elevador. Havia um cheiro esquesito que abundava no interior da caixa metálica.
- Têm cuidado contigo parceiro.- disse Frank com um tom preocupado.
Draco fez um aceno parecido com uma continência.
- Sempre alerta, chefe.
A porta do elevador fechou-se silenciosamente.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

THE HUNTERS: O Encontro

O local era uma autêntica lixeira. Não importava para onde se olha-se, bocados de papel e plástico decoravam as calcetadas de RumorCreek, o local para onde os H.I.M supostamente se deveriam dirigir. A rua estava vazia, pequenos edíficios com ar antigo completavam a paisagem, mas de resto nada. Uma ausência de som e vida.
-Tens a certeza que é aqui?-perguntou Draco inpaciente. Estava sempre pronto para uma caça ao paranormal, e quando surgia uma oportunidade não descansava até estar prestes a ser desgoelado por um vampiro ou um demónio, e nesses momentos acabava por se arrepender do emprego que tinha.
-Sim, este é local do bilhete.-respondeu Frank
O vento soprava forte naquele dia. As caudas dos casacos pretos dos H.I.M dançavam ao ritmo da brisa. De repente, uma figura saiu de um beco escuro. Era magro e parecia agitado, tal como no dia anterior.
-Vieram! E mesmo a tempo.-a ansiedade e nervosísmo do cliente só indicavam para a pior situação.
Então qual é o caso?- perguntou Frank
O caçador não obteve resposta. O sujeito virou costas e começou a caminhar. Frank e Draco suporam que o deveriam seguir.
Os três percorriam rapidamente as ruas entre as habitações de aspecto antigo. Se é que alguém ainda habitava naquelas casas antigas. Cada uma delas era semelhante à outra de certa maneira. E todas elas aperentavam estar vazias, completamente. O facto de serem antigas e velhas podia contribuir para aparentarem um ar assombrado, mas não. Nem vida, nem morte existiam naquelas casas tristes.
-É aqui.- disse o cliente de um momento para o outro. Os H.I.M estavam tão destraídos a observar aquele ambiente de desanimo, que apenas segundos depois de serem chamados à atenção, é que repararam que estavam perante um grande edíficio industrial abandonado.
Os calafrios passaram pelas peles de Draco e Frank enquanto contemplavam a fábrica. Ao contrário das outras casas tristes, estas instalações metiam arrepios. Não importava quanto tempo um caçador do sobrenatural estava no seu ramo, ou quantos casos tinha resolvido e enfrentado. Havia sempre algum receio que se instalava sempre.
-Entrem, rápido. Quanto mais depressa melhor!- O sujeitinho abria uma pequena porta de entrada.
Os H.I.M caminharam para a entrada , e, mal os dois se encontravam no interior, Frank lembrou-se de algo crucial.
-Desculpe caro senhor, ainda não nos disse de que é que estamos à procu...
A porta fechou-se com um estrondo, a escuridão abateu-se sobre os caçadores. Ligaram as lanternas de bolso para verem alguma coisa. Como não tinham outra escolha, avançaram. Os corredores eram húmidos e sinistros. Não se ouvia nada nem ninguém, um silencio de medo.
-Só não compreendo uma coisa.- disse Draco cortando o silencio- Um tipo estranho leva-nos a um local onde nem o paranormal parece habitar, tranca-nos numa fábrica aparentemente assombrada, mas não nos diz o que pretende que nós façamos em relação a isto nem qual é o problema em questão. Não bate certo.
O raciocínio de Draco foi interrompido por um som perturbador. Uma figura de alguém ou de qualquer coisa movia-se para além do alcance das lanternas.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

THE HUNTERS (os caçadores)

A brisa daquela gélida manhã soava a algo diferente. Um arrepio que nada tinha a ver com as condições climatéricas. Um sentimento de medo percorria as ruas de FogCity, mas não no número 13 de FreakyStreet, onde o anormal já era uma rotina.
Frank apagou o cigarro no cinzeiro da secretária e baixou os óculos de sol para analisar melhor a aparência do novo cliente. Era magro, de aspecto banal e parecia estar um tanto ou quanto agitado com a vida.
- Posso confiar em vocês?- perguntou ele com insegurança
Seria de esperar uma pergunta destas vinda de um tipo aborrecido igual a muitos. Na verdade já era hábito ouvir esta pergunta de toda a gente que vinha bater à porta. Mas ninguém os censuraria, pessoas comuns não estão habituadas a este ramo da investigação.
- Pode sempre contar com os H.I.M, chefe.- respondeu Frank que esperaria agora outra questão
- Os quem?
Draco, o colega de Frank, suspirou, e não tardou a responder à visita.
- H.I.M: Hidden. in. Manners. Somos os melhores, e talvez os únicos caçadores do paranormal que encontrará nesta cidade simplória.
O sujeito magro e agitado não disse nem mais uma sílaba. Entregou um papel rasgado com uma morada e uma hora marcada antes de abandonar o escritório. Frank leu o papel silenciosamente e a seguir fez-se silencio por segundos.
- Preparado para agir, parceiro?- perguntou Draco, quebrando o silencio
- Agimos amanhã. É o que esta indicado nestes gatafunhos.- respondeu Frank apontando para o bocado de papel.
Frank e Draco foram sempre fora do comum. Pelo menos até onde a pouca gente que os conhece se lembra. Frank era calado, mantendo sempre as suas opiniões para si. Era careca, e dentro da dupla era aquele que tinha juizo, ou um pouco dele. Draco pelo contrário era mais extrovertido. Tinha cabelo ruivo que usava curto e estava sempre pronto para passar à acção quando necessário. Ambos usavam um estilo de roupa semelhante. Fato preto informal, e óculos escuros, só mesmo para darem um ar bizarro de caçadores do oculto.
O trabalho que os dois levavam não era nenhuma bricandeira como alguns chegavam a pensar. Não eram videntes nem tinham poderes especiais. Apenas enfrentavam o imprevisivel mantendo-o longe de toda a gente, pois era isso que toda a gente queria. Vá-se lá saber porquê.