quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Demon Soul: O Pacto

No final daquele dia, Edwin decidiu voltar logo para casa, a pé. De vez em quando ele apreciava dar uma volta sozinho para pensar acerca de outros assuntos que não escola, trabalho ou amores. Era então nesses momentos que a sua imaginação se soltava para além do possível. E foi então que em pleno pensamento, Edwin virou para um beco escuro sem se aperceber.
-Espera, onde me fui eu meter?- perguntou-se Edwin a si próprio quando chegou ao final do beco.
De repente e sem aviso, o Sol encobriu-se nas nuvens escuras tornando aquela tarde quente num mau dia. A pouca luz que incidia no beco deixa de existir, e Edwin apercebeu-se que algo de errado se passava. Ele olhou à sua volta, uma, duas, três vezes. Mas só à quarta vez é que reparou neles. Seis vultos encapuçados rodearam-no de surpresa. "Seram gatunos, membros de um gang que me vão roubar as coisas todas?" pensou ao início. Mas depois reparou que havia algo de estranho, quase de errado com as figuras. Vendo-se sem escapatória possível, entrou em pânico e correu contra o vulto que tapava a única saída! Estava com esperança de conseguir derrubá-lo e abrir caminho à força! Mas a figura nem se quer se mexeu. Edwin sentiu-se como se tivesse embatido contra uma parede a toda a velocidade. Atordoado da pancada, mal sente o empurrão que sofre a seguir contra o solo. E a ultima coisa que vê, são seres indescritíveis a sair disparados dos capuzes em sua direcção.
"Edwin... ou Edwin..."
- Quem?!- Edwin acorda de uma vez, sentido as correntes a prenderam-lhe os braços contra a parede. Conseguia observar à sua volta uma sala com aspecto de masmorra, e um cheiro a bolor entranhava-se no seu nariz.
- Eu não me lembro de vir aqui ter.- disse a si próprio suavemente tentando acalmar-se do choque.
Antes que tivesse tempo para sequer pensar em algo mais, uma figura encapuçada como as do beco surge-lhe à frente, do pó. Com uma única diferença, pois esta era maior e mais assustadora.
- Sê bem-vindo Edwin Brat.- a voz da figura era grave e parecia amplificada.
-Eu não me lembro de aceitar nenhum convite, amigo.- Edwin tentava parecer descontraído para com o tipo. Podia ser uma ideia estúpida. Mas talvez consegui-se intimidar o seu raptor.
-Edwin, eu sou aquele a quem chamam o Diabo.- aquela afirmação deu a Ed uma vontade de rir imensa. Que pessoa perturbada era esta para afirmar ser um ser mitológico como aquele?
-Diabo? Claro que és! Deves pensar que tenho cinco anos, não?
A mão do indivíduo saltou sobre o pescoço de Edwin, uma mão gelada que dava a sensação de estar morta. Edwin reparou na coloração do braço. Era vermelho escuro.
-Pirralho insolente! Duvidas da minha palavra? Eu já te ensino!- Edwin sentia a mão fria a fechar-se, apertando-lhe o pescoço lentamente.
A respiração de Edwin foi imediatamente cortada, mas como tinha as pernas soltas conseguiu desferir um pontapé que acertou em cheio no estômago do captor. Este então contraiu-se para trás em dor, e com a agitação, o seu capuz caiu para o lado. A cara da criatura era simplesmente repugnante demais para ser descrita. Era impossível alguém se maquilhar suficiente bem, ou ter uma máscara suficientemente profissional para se parecer com aquilo. O sujeito que estava de pé a frente de Ed, era sem margem de dúvida algo do outro mundo.
-Agora já acreditas?-Edwin sentiu um choque nos membros, como se tivesse sido atraído pela parede como um íman. Os olhos vermelhos cintilantes e sem pupila daquele ser perturbavam a mente de Ed.
-Edwin, estive a observar-te de a alguns dias para cá.-retomou o Diabo num tom calmo mas ainda com a sua voz exageradamente grave e amplificada.
-Não tens muitas razões de queixa , pois não rapaz? Amigos, casa, família, uma miúda que apesar de te rejeitar a maior parte do tempo tem um fraquinho por ti. Há! Espera, parece que apesar de tudo existe uma coisa que te aborrece, não é?- o tom de voz do Diabo tornava-se cada vez mais malicioso a cada palavra que cuspia.
-Falta-te aquele sentimento do pouco habitual. Aquilo que te tira a monotonia diária. Certo?
-Bem, pode-se dizer que sim.-confessou Edwin com alguma desconfiança.
-E se eu te disse-se que te posso encher esse vazio infestado com a rotina do dia-a-dia? Que eu te posso tornar diferente de uma maneira que nunca pensaste antes?
Edwin revirou os olhos e respondeu:
-Porque razão havia eu de confiar no Diabo? Porque havias tu de me ajudar sequer?-o diabo entendeu logo onde Edwin queria chegar com aquela conversa.
-Ora jovem rapaz. O folklore popular tem-te dado voltas ao cérebro! Eu não sou assim tão mesquinho como toda a gente faz entender! A minha única intenção é tirar-te a monotonia do espírito. Fazemos assim, experimentas uma vez, se não gostares volta tudo ao normal.
As correntes desfizeram-se e Edwin conseguiu finalmente aterrar os pés no chão. Ao olhá-lo dos pés à cabeça, estigmatizou que o Diabo devia no mínimo ter uns dois metros. Este estendeu-lhe a mão vermelha escura com um sorriso de alguém em quem não se pode confiar.
-Então Eddie? O que dizes?
Edwin apertou a mão gélida do Diabo em concordância. Sentiu um calor ardente a subir-lhe pelo corpo, e mal teve tempo de reparar, estava estendido no chão de volta ao beco.
Levantou-se e olhou em seu redor. Era já de noite, e conseguia ver as luzes dos postes nas ruas.

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