quinta-feira, 10 de setembro de 2009

ELEMENTAL: O Acordar

Colei-me ao cadeirão do escritório e debruçei-me sobre o computador. Não havendo nada de interessante para dizer sobre esta maldita cidade numa notícia, decidi pesquisar sobre qualquer coisa que tivesse a ver com o resto do mundo. Algo que valesse uma página de jornal. Mas o que há de interessante no mundo hoje em dia, que valha a pena ser colocado nas páginas da poderosa internet? Grandes crises económicas, doenças, guerras, fomes, atentados. O suícidio da civilização em câmara lenta. Tudo assuntos já demasiado gastos. Eu queria algo de novo, de diferente. Algo que devesse ser contado a toda a gente deste mundo. Não sabia ainda que em breve iria encontrar esse algo que procurava. E muito menos, esperava que esse algo, fosse eu próprio.
Vindo do inesperado e sem razão de ser, o ecrã do computador entra em intreferência.
- Que raio se passa com esta coisa?- perguntava-me eu confuso. Numa tentativa em vão para descobrir a origem do problema verifiquei as ligações uma e outra vez. Nada.
O som do granular causado pela intreferência causava-me dores de cabeça profundas, por isso levantei-me do cadeirão. Estava a sair do escritório, ainda a escutar aqueles destúrbios horríveis, quando parou. A um metro e meio de distância da secretária já não ouvia nada. Estaria a ficar surdo? Aproximei-me de novo para verificar o estado do ecrã, e de repente, tão depressa como tinha parado, a inteferência veio novamente ao de cima. Só aquele irritante e poderoso som agudo a infiltrar-se nos meus ouvidos. A minha visão começou a distorcer, caí ao chão com tonturas e náuseas.
- Pára! Por favor, pára com isto!
Num segundo estava no chão prestes a perder a consciência, no momento seguinte estava simplesmente no chão. Novamente o barulho tinha-se dissipado como nevoeiro. Levantei-me devagar com medo que voltá-se. Olhei para o ecrã do computador uma segunda vez.
- Será que estou a perder o juízo?- pensei eu. Primeiro o telémovel que achava estar carregado, depois o computador que tanto emite disturbíos, como não os emite...
A passo rápido entrei na casa de banho e liguei a torneira. A àgua escorria naturalmente e sem anomalias. "Ao menos isso" suspirei eu. Mas assim mergulhei as mãos no lavatório, uma dor intensa que começou nas pontas dos dedos subiu pelos braços até ao meu cránio. Saltei para trás enquanto gritava, e mal aterrei os pés novamente no chão já não sentia aquilo. Esta situação já estava esquisita o suficiente, até que olhei paras as minhas mãos. Essa foi a gota que trasbordou o copo. Os meus dedos brilhavam num azul esverdeado, nas palmas das minhas mãos pequenos raios da mesma cor apareciam e desapareciam rapidamente, ligando-se entre si. Eu estava a gerar electricidade.

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