terça-feira, 27 de outubro de 2009

Demon Soul: Ele e Ela

Esta improvável história que estou prestes a contar perde-se pelos limites do tempo. A sua data é incerta. Até podia ter-se passado neste presente, ou talvez uns anos mais à frente no futuro, quem sabe talvez umas décadas atrás no passado. Mas indiferentemente do ano, a sua única pista indicando o tempo, é que se passa algures por perto desta data de 31 de Outubro.
Naquela noite fria de chuva o vento batia nas janelas e estores do bairro nº75 dos subúrbios de Strangeopolis. As águas, criando pequenas correntes nas estradas e passeios à medida que se acumulavam, escorriam para os esgotos da cidade sem parar. Em breve pela alvorada, as tampas dos canais subterrâneos transbordariam, inundando as ruas mais pequenas e estragando o dia a algumas pessoas assim que acordassem.
Edwin Brat não precisou de despertador naquela manhã gélida. O dilúvio da noite anterior tinha sido barulhento o suficiente para o impedir de pregar olho por momentos que fosse. Devagar e algo ansioso como em todas as manhãs de semana, levantou-se do colchão afastando os lençóis para o lado e bocejando por momentos. Observava o seu quarto desarrumado enquanto pulava da cama e se espreguiçava pensado no momento em que se tinha ido deitar no dia anterior. Invejava o sua figura do passado prestes a deitar-se para descansar durante 8 horas seguidas, mas tentou desviar esse assunto e pensar no dia que ainda tinha pela frente. Um dia de aulas nunca era muito animador para quem quer que fosse. Especialmente para ele que mais que tudo gostava de ter a sua liberdade em vez de ficar limitado a um horário estúpido.
Depois de tomar banho, vestir-se e tomar a sua tradicional malga de cereais, Edwin pegou na mochila e dirigiu-se com cuidado à garagem. Ao sair de casa teve o cuidado de não fazer barulho, pois sabia que a sua mãe tinha um sono leve. Desceu a escadaria do 2º andar até ao piso mais baixo. Abriu o portão da garagem e tirou de lá a bicla. Era uma duas rodas de cor vermelha e preta que, pessoalmente ele até apreciava. Edwin levou a bicicleta à mão até à saida do edíficio, e antes de se montar no assento observou o ambiente à sua volta. A manhã suava de humidade e algum frio. Frio este, que em vez de desagradável até sabia bem pela manhã. As vidraças das casas e os carros estacionados encontravam-se encharcados. A plantação dos quintais tinha ganho uma coloração mais verde viva, era possível ainda distinguir pequenas gotas no topo das ervas.
Chegando à escola, Edwin estacionou a bicicleta trancando-a a cadeado. Ao pousar os seus pés de novo no solo sentiu o peso da mochila. Com sorte naquele dia o horário até nem era muito apertado, tendo a maior parte da tarde para andar na rebaldaria com os amigos. Entrou pelos portões e sentiu-se como se tivesse feito a escolha errada, subiu a escadaria e virou à direita ao ver o seu grupo ali ao pé.
-Já não era sem tempo Ed! Está mesmo quase a tocar.
-O importante é que cheguei a tempo.- respondeu Edwin ao seu colega.
-Ela passou mesmo agora por nós, meu. Nunca mais lhe disseste nada!
Edwin sabia a quem o seu amigo se referia com "Ela". Trish Sanders, a rapariga por quem Ed tinha um fraquinho e com quem já tinha tentado a sua sorte algumas vezes.
-E o que é que isso tem? Parem de me chatear! Vocês sabem que eu já me declarei um monte de vezes. Ela não quer saber de mim!- Ralph, um dos colegas abanou a cabeça em desaprovação.
- Aí é que te enganas! Tu sabes perfeitamente que ela também tem um fraco por ti. Tens é de lhe dizer as coisas da forma correcta.- aquela situação já o torturava à semanas. Edwin tinha tentado, sempre confiante, mas ela acabava sempre por lhe dar com os pés. Ruía-lhe o estômago quando não tinha mais que fazer. Só de pensar nela. Que desgosto.
-Estudas-te para o teste Ed?- perguntou-lhe outro colega entrando por outro assunto.
-Teste? Que teste? Não sabia de nada!- Edwin exaltou-se mas rapidamente se acalmou quando se lembrou qual era o teste.
- Há! Espera! O de Espanhol? Pfft, como se precisa-se de estudar para isso.
Naquele momento de alívio ouviu-se um ruído incomodativo que se fez soar por toda a escola. Estava na hora de começar o dia. Já dentro do edifício, Trish e as amigas passaram por eles. Edwin virou a cabeça com um tanto ou quanto de vergonha, e Ralph exclamou:
- Olha Ed é a Tr...- Edwin apressou-se a interromper o amigo para não chamar a atenção
-Esquece...-suspirou.
Edwin Brat tinha 14 anos e gostava bastante da sua vida. Cabelo preto encaracolado de que se orgulhava muito, e olhos castanhos escuros cor de café. Tinha já passado por muitas experiências e emoções, e a única coisa de que se arrependia, era de ter uma rotina bastante monótona.

Sem comentários:

Enviar um comentário