segunda-feira, 13 de julho de 2009

THE HUNTERS: Sozinho no Escuro

O demónio corria o mais possível que as suas pernas deformadas lhe permitiam correr. O seu alvo encontrava-se do outro lado da sala, quieto e de costas. Não se iria aperceber de nada. A criatura debatia-se em cansaço enquanto corria, esperava conseguir empurrar a vitima contra o solo e esmagá-lo. Estava a dois metros de distância quando saltou o mais alto que conseguia. Podia ser um demónio horripilante, mas, tal como todos os outros, possuia capacidades sobrenaturais impressionantes que valiam mais que o seu aspecto. Frank virou-se em centésimos apontando uma das armas e disparando violentamente. O crânio do demónio desfez-se em sangue e miolos. Seria um alvo fácil, demasiado fácil se a besta tivesse pensado nisso. Mas os demónios não pensam. E esse era o problema deles. O corpo da criatura que se balançava no ar a meio de uma salto parou, caíndo como se atraído por um íman. Frank vislumbrou a sala onde se encontrava. Montes de cadáveres demoníacos jaziam inertes, criando um ambiente de desconforto decorado com o vermelho de sangue. O caçador encontrava-se numa sala no terceiro piso do edificio. Ainda não tinha encontrado nada que lhe fosse útil, que lhe desse uma pista do que deveria fazer ali.
- Talvez o Draco esteja a ter melhor sorte que eu.-suspirou- Espero ao menos que ainda esteja vivo.
Draco encontrava-se sentado num cadeirão velho que cheirava a mofo. Os pés estavam apoiados numa secretária de mogno toda riscada e suja. Mesmo assim, era o mais confortável que podia estar num local como aquele. Tinha-se dirigido ao último andar à uma hora atrás. Deu uma olhadé-la a uns ficheiros velhos que encontrou no chão e desistiu. Sem sinais do sobrenatural nem ocorrências estranhas, dirigir-se ao último andar de seguida fora a melhor ideia que poderia ter. E embora o seu parceiro pudesse estar enfiado num mar de demónios uns andares abaixo, Draco não estava com peso na consciência, pois sabia que Frank era perito a lutar contra o oculto, e caso necessita-se de ajuda sempre tinha o intercomunicador. Mas Draco não queria pensar sequer em ter de ir socorrer o amigo. Só o trabalho que isso daria.
O decanso não durou muito mais, ao ouvir um som agudo Draco levantou-se do cadeirão e activou o intercomunicador.
- Diz Frank. Precisas de ajuda?
- Estou bem obrigado. Apanhei uns obstáculos mas nada demais. Só a confirmar para o caso de teres encontrado alguma coisa aí em cima.
Draco parou de pensar, tinha prometido a ele próprio que descansaria quinze minutinhos e voltaria logo de seguida a inspeccionar o andar. Mas já lá iam quinze minutos à muito tempo. Começou a passar a mão e a amachucar umas folhas em cima da secretária, para dar a entender pelo som que Frank ouvia, que estava a fazer o seu trabalho.
- Estou a investigar umas pastas cá em cima, mas ainda não encontrei nada de interessante.- na verdade para além de um ou dois ficheiros espalhados pelo chão, não havia mais nada que captásse alguma atenção. Todas as salas e corredores do último andar estavam vazios. Não havia mobília nenhuma e não se ouvia um ruído. Draco encontrava-se precisamente num escritório que deveria pertencer ao antigo dono da fábrica, e para além da secretária e do cadeirão, também não havia mais nada para ver. Só uma grande janela de vidro para o corredor é que dava ao sítio uma aparência diferente.
Draco desviou o olhar para a janela, e podia jurar que tinha visto um vulto a passar rapidamente. Segundos depois, a fraca iluminação do escritório apagou-se.
-Frank.-disse Draco em voz baixa pelo intercomunicador- eu já te ligo.
-Draco, o que se passa? Aconteceu alguma coisa?
Passaram-se segundos sem resposta, o que deixou Frank preocupado, mas por fim Draco respondeu.
-Nada, não se passa nada. E é isso que me preocupa.
A chamada do intercomunicador caiu. Frank só conseguia ouvir dísturbios de som.

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