Um ligeiro tremor pelo corpo, um fraco som de explosão, e a seguir o caos. Só me lembro de um embate profundo e de labaredas. Depois não vi mais nada até acordar.
No princípio não me lembrei de nada. Só sabia que tinha acordado e que estava deitado, provavelmente na minha cama. Mas porque razão estava o colchão tão duro? Demorei três segundos a aperceber-me que não estava numa cama mas sim no duro asfalto da estrada, e o dobro do tempo a lembrar-me de uma explosão. Tentei levantar-me enquanto olhava em volta, mas um drástica mudança de paisagem deixou-me simplesmente de costas, apoiado com os cotovelos no chão. É um bocadinho difícil alguém ficar de pé ao ver uma avenida inteira completamente desfeita quando à instantes estava como outra avenida qualquer. Os edifícios que não tinham caído por terra tinham no mínimo ficado sem uma metade. Os passeios e a estrada cobriam-se agora de enormes e pequenas crateras. No local havia indícios de queima, e o mais estranho era estar completamente vazio. Se não existissem sobreviventes deviam existir ao menos corpos certo? Seria possível toda agente ter sido pulverizada? Mas então porque é que eu permanecia intacto? Finalmente olhei para trás, e o susto não podia ser maior. A cinco metros de mim, um homem que podia ser aparentemente normal, libertava do seu cabelo e das mãos um elemento alaranjado e reconhecível. Fogo.
"Como seria aquilo possível?"- pensava eu. Emitir chamas das mãos? Mas por outro lado, se eu...
O tipo virou-se para mim com cara de mau. Pena, se ele não tivesse dado por mim até podia ter-me escapado ao destino pela segunda vez hoje. Elevou a palma até ao nível da cabeça e de repente as chamas aumentaram de tamanho. Aos cinco metros de distância que nos separavam já sentia o calor do fogo, como se estivesse apenas a poucos centímetros de uma fogueira. A minha mão gerou pequenas faíscas, e a seguir um jacto de fogo saiu disparado da mão dele, aterrando decímetros ao lado da minha cabeça e criando uma pequena cratera no asfalto! Engoli em secou e rastejei uns centímetros para trás. Não conseguia fazer mais nada naquele momento! A electricidade que criava percorria agora o meu braço direito furiosamente. Ele aproximou-se uns metros e apontou-me a mão a flamejar prestes a lançar mais labaredas. Eu só era capaz de gerar electricidade! Não o podia enfrentar! Cobri instintivamente a cara com o braço direito, pensei em como tinha de me defender daquele tipo mas não era capaz de o fazer. Imediatamente depois desse que pensava ser o meu último pensamento, um relâmpago azul sai projectado da minha mão directamente contra o tronco do homem flamejante. Ele torna-se estático e caí para trás. A minha cara obteve possivelmente a expressão mais parva quando percebi o que tinha acabado de fazer. Olhei para a palma da minha mão. Uma corrente eléctrica faiscava nos meus dedos, mas não da mesma forma que das outras vezes. Eu próprio sentia-me mais diferente do que o diferente que já sentia. Apercebi-me que era mais do que o que pensava ser até ali. Eu conseguia gerar electricidade, mas também conseguia expulsá-la para outros efeitos. Não era simplesmente capaz de fazer um truque de magia. Eu tinha poder
Sem comentários:
Enviar um comentário