quarta-feira, 9 de setembro de 2009

ELEMENTAL: A Evolução

Qual é a sensação de poder? Deve ser bom estar á frente de uma grande companhia comercial, ou chefiar uma empresa dos media. Decidir entre a liberdade ou a punição de um condenado, dirigir um país inteiro. Mas eu não estou a falar desse tipo de poder. Ser capaz de realizar algo impossível, algo de sobrenatural, algo de fantástico. É deste tipo de poder que eu estou a falar, e ninguém sabe qual é a sensação de ser capaz de fazer algo assim, mas eu sei. Como? Perguntam vocês. Eu já tive esse tipo de poder. E tem tanto de mau como de bom.
O meu nome é Steve Buzzsaw, esta é a minha história:
O despertador tocou como em todos os dias de rotina. Com um peso na cabeça e uma preguiça no resto do corpo acabei por saltar da cama. Fiquei sentado a bocejar durante dois minutos, como se a minha vida não fosse mais do que dormir. Quem me dera. Levantei-me a olhar para o visor do despertador, eram 7 horas certas. Metia-me nojo a ideia de me ter de levantar tão cedo e tão rápido todos os malditos dias, excepto aos fins de semana e feriados. E com essa ideia a vaguear--me na mente, dirigi-me á cozinha em passo lento.
Entornei o leite frio para a malga e despejei os cereais, sentei-me na cadeira mais próxima e liguei a televisão. A minha mão movia-se quase automáticamente enquanto deslizava a colher pelo interior da malga e enfiava os cereais pelas minhas goelas abaixo. Automáticas também, eram as notícias da manhã que batiam no mesmo assunto faria já três semanas.
- A misteriosa gripe denominada agora gripe P(passageira) continua a alastrar-se pelo globo. Embora possuindo uma velocidade de contágio extraordinária, estudos indicam que esta doença não tenha consequências fatais em nenhum ser humano independentemente do seu estado. Em outras notícias...- desliguei a TV mal acabei de beber o leite alojado no fundo da malga. Levantei-me da cadeira onde estava sentado e fui preparar-me para o trabalho.
- Bom dia Steve! Como vais hoje?- O Carl era sempre o primeiro a cumprimentar-me quando chegava à imprensa.
- Vou como ontem e no dia anterior. Que há de novo?
- Tu sabes, o mesmo de sempre, nunca se passa nada nesta cidade enfadonha. É cada vez mais difícil escrever uma notícia hoje em dia.- depois de dizer isto a cara dele tomou uma expressão estranha e soltou um poderoso espirro para cima de mim.
- Tem cuidado para onde espirras pá! Não ouviste falar da nova gripe?- sinceramente não me preocupava com a tal gripe P. Se diziam que não tinha consequências fatais eu acreditava. Mas o acto de espirrar sem tapar a boca enojava-me.
- Peço desculpa. Não era minha intenção.
Passei a manhã a trabalhar num artigo pouco importante (como sempre). Era como o Carl dizia: "...nunca se passa nada nesta cidade enfadonha." Ás 12:30 quando ia a sair do edíficio, deparei-me com o John, um amigo de longa data que trabalhava na secretária ao lado da minha.
- Hey, Steve! Ainda não te vi hoje. Que tal irmos beber umas cervejas ao fim da tarde para animar depois de um dia enfiado aqui dentro?
- Parece-me bem. A gente vê-se depois de almoço.
- Sim, tenho é de telefonar para casa a dizer que volto mais tarde depois do trabalho. Até já Steve!
Já tinha virado as costas e abria agora a porta de saída, quando o Jonh me chamou novamente.
- Steve! Desculpa lá, mas é que o meu telemóvel ficou sem bateria agora mesmo e preciso que me emprestes o teu.
- Claro, na boa.- ia tirar o telemóvel do bolso, como qualquer pessoa normal faz, e foi nesse momento que começou o que vos estou a contar agora.
Olhei para o pequeno ecrã do meu celular barato antes de o emprestar e fiquei intrigado.
- Estranho. Também está sem bateria. Mas podia jurar que o tinha deixado a carregar durante a noite.

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