sábado, 31 de outubro de 2009

Demon Soul: Inferno na Terra

Edwin saiu pelas traseiras da sua casa em direcção aos ecopontos do outro lado da rua. Carregava dois sacos verdes de, supostamente, lixo doméstico. A sua mãe tinha-lhe dado um pequeno sermão acerca de chegar a casa dentro das horas combinadas, mas Edwin pouco tinha entendido disso. Tal era a curisosidade e o medo pelo acordo que tinha selado com o Diabo à umas horas atrás. Era ainda difícil de acreditar no sucedido sequer! Talvez até nem tivesse acontecido! Talvez, ele tivesse batido com a cabeça em algum lado e imaginado aquilo tudo! Sim, só podia ser isso! Estava tudo na mesma, como sempre. Amanhã iria acordar e teria um dia natural. Edwin sentiu-se mais descontraido, mas no entanto, desiludido. Suspirou e em seguida abriu a tampa do contentor. Estava uma noite gélida, e Edwin só queria despachar aquilo para voltar ao quentinho acolhedor da sua casa. Mas assim que depositou o lixo e se virou para regressar, o susto não podia ser maior. Dez criaturas vermelhas e grotescas rodeavam-no, os seus olhos a reluzir de uma coloração amarela de sinistralidade. Edwin tentou manter a calma. Recuou dois passos até ficar encostado ao ecoponto. "O que fazer?" pensou ele prestes a entrar em pânico. E de repente, todo o seu medo começou a desaparecer. Sem saber bem como estava a agir, avançou em direcção a uma das criaturas. Puxou-a pelo braço vermelho e torceu-lhe o pescoço num relampâgo. O ser caiu sem vida a seus pés. Como raio é que ele, Edwin Brat, tinha feito aquilo na perfeição, se nunca na vida teve lições de combate? Quando voltou a prestar atenção ao facto de estar cercado, um deles tentou o ataque de frente. Edwin fintou-o agilmente, mais uma vez sem saber como o fazia, quase por instinto. Agitou o braço na direcção da criatura, e esta dividiu-se diagonalmente em dois esvaindo-se em sangue. "Mas como?" perguntou-se Edwin a si próprio. Quando finalmente notou, uma espada longa e acizentada agora molhada com tripas era envergada na sua mão direita.
-Ok, tenho a certeza que não trazia nada disto quando saí de casa!-exclamou Edwin mais passado do que já estava. Uma espada que ele nunca tinha visto antes não podia aparecer assim do nada e ir parar às suas mãos! Mas vendo bem, também não era costume ele lutar da maneira como o estava a fazer agora. Ao contemplar a espada, Edwin observou o seu reflexo na lâmina, e notou algo de ligeiramente diferente no seu rosto. Não teve tempo de se examinar melhor, pois nesse momento outra criatura vermelha saltou-lhe para cima! Ed virou a espada para a frente, empalando o ser grotesco. A cara sem vida , pendurada, fixando-o com aquele olhar morto, com olhos que ainda assim se iluminavam no escuro. Era macabro, mas Edwin sentia-se bem! Um calor, acompanhado por um sentimento de confiança subiu-lhe pelo corpo, confiança até demais. Sentia-se a escaldar!
-Venham a mim, seus grandes filhos da...- antes de acabar de bramir a frase completa, as criaturas já estavam todas a saltar-lhe à cara!
Edwin avançava e recuava enquanto habilmente sacudia a espada para todos os lados! O que fazia naquele momento, era practicamente ao calhas, mas os cortes que executava saíam limpos e fluídos, projectando sangue e membros amputados para fora da sua direcção. Meros segundos depois parou, algo que se sucedeu tão depressa como quando ele tinha começado. Edwin observou o cenário à sua volta. Sangue e corpos avermelhados decoravam o alcatrão negro da estrada.Tinha-os despachado a todos com profissionalidade, mas no entanto, ele nunca tinha feito aquilo. Enquanto se perguntava acerca de tudo o que estava errado naquela situação, mesmo à sua frente , no meio do nada surge-lhe de novo o Diabo. Este olhou para as criaturas chacinadas antes de dirigir uma palavra. Um ar de satisfação invadiu-lhe o sorriso ao ver aquele cenário terrível.
-Então, gostaste do Test Drive?- o rosto do Diabo estava coberto por um capuz, mas a sua voz grave e amplificada chegavam para causar arrepios.
-Importas-te de me explicar isto?-respondeu Edwin ainda não percebendo nada.
O Diabo fixou Edwin e tomou um ar mais descontraído, dirijindo-se com uma voz relaxada:
-Caro Ed, isto é o que tenho para te oferecer.
-Isto?-Edwin apontou para a espada que erguia.-O que raio faço com isto?
-Não se trata apenas disso!-fez uma pausa-Não o sentiste?
-Sentir o quê?- Edwin permanecia confuso, mas começava já a encaixar algumas peças.
-A força, a agilidade, a graciosidade. O poder!- o Diabo tirou delicadamente a espada a Edwin e colocou-a a centímetros da cara do rapaz. O ferro da espada era bem trabalhado, a lâmina, afiada e perfeita, estava agora tingida de vermelho pelo sangue derramado. Edwin obervou o seu reflexo brilhante, e apanhou um choque imenso. A sua pele era mais pálida que o costume, o seu cabelo encaracolado levantava-se como se se tivesse gel, e os seus olhos antes castanhos escuros, eram agora vermelhos. Sem púpila ou íris, um completo vermelho vivo brilhante ocupava os seus olhos cheios.
-Estou horrendo!-gritou Edwin-O que me fizeste?
-Não te preocupes, rapaz. Essa aparência desaparece quando não precisas de "o" usar. Afinal de contas, todos os demónios precisam de uma forma humana para vaguear por este mundo à vontade, não é?
Edwin exaltou-se ainda mais depois de o Diabo terminar de proferir a frase.
-O que queres dizer com forma humana?
O diabo mudou para um tom mais sério:
-Edwin, tu querias diferença. E a única maneira de eu te tornar único à parte dos outros era tornar-te num demónio.
-Não! Eu não concordei com nada disto! Muda-me de volta, já!
-Espera, não te percepites.-o tom de voz do Diabo era outra vez calmo e sereno.-Ainda não sabes todos os pormenores. Tu és um demónio, tens poderes sobrenaturais e uma espada brilhante muito especial como bónus. A passagem da forma humana para forma demoniaca é bastante simples, e a única coisa que te peço, é que me faças um pequenino favor em troca.- Edwin desconfiou bastante destas últimas palavras.
-Que favor?
-A única coisa que te peço é que tires umas horitas do teu horário nocturno para caçares alguns demónios que, vá-se lá saber porque, acham-se melhores que o meu ser.
-Queres que seja o teu lacaio? Já vi tudo.
-Pensa no que és capaz de fazer com isso! Já o experimentaste, não já? Não te soube bem?
Edwin ponderou por algum tempo. Por um lado tornava-se num ser demoniaco do inferno. Não era exactamente o sonho de toda a gente. Mas por outro, o poder que isso significava, a diferença que isso faria na sua vida!
-Ok, eu aceito.
-Ainda bem.-o Diabo entregou a espada de volta a Edwin.
Ed contemplou mais uma vez o reflexo da sua forma demoníaca na lâmina. Os seus olhos vermelhos assustavam-no sobretudo. Mas ele teria de se habituar àquela aparência. No fim de contas iria ter de a usar por parte do tempo dali para a frente. O Diabo estendeu-lhe a mão, e Edwin apertou-a. Mais uma vez, aquele calor a subir-lhe pelo corpo acima.
-Quando é que começo?-perguntou
-Agora mesmo.-respondeu o Diabo.

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